quarta-feira, setembro 24, 2008

Cidade imaginária



Há tempos que não venho a esta cidade. Na verdade só estive aqui uma única vez. A segunda vez, bem..... talvez não conte. Afinal,foi um grande tiro no pé, que no fundo me colocou em contato com aqueles velhos sentimentos , que as pessoas procuram fugir : olhar-se no espelho pode ser perigoso.

Bom, falarei então - por prudência -, da primeira vez.

Fui recebido no aeroporto por alguém que amava, e isso permanece em minhas lembranças mundanas , porém , lunares. Não esqueço aquela noite de lua cheia. Eu e ela - ao volante - percorrendo aquela estranha esplanada dos ministérios, ao som único do motor do carro, e do meu imaginário sentimental sobre aquelas linhas futuristas, iluminadas pela luz natural do satélite da terra.

Ao pé do ouvido um beijo desprevenido, enquanto observava o flamular da grande bandeira do Brasil. Confesso que fiquei emocionado. Um certo sentimento patriótico misturado à magia do reencontro. O centro político de uma grande nação, observado por um obcecado em ilusões: Encaixe perfeito.

Tudo ao redor vazio. O Palácio do Planalto iluminado em meio as estrelas infinitas de um país continental. Lembro que avistei uns, talvez, adolescentes bebendo vinho no gramado. Lembrei que já conhecia a cidade - pelo menos em sonho - antes de estar aqui. Lembrei daquela banda de rock que um dia amei, e ainda amo.

Ela estava bonita aquela noite. O olhar triste, como sempre. Acho que nunca me apaixonei por alguém que não tivesse o olhar triste. Nada mais belo que o olhar triste de uma mulher de vinte quatro anos...

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